Vídeo sob pressão #1: corpo em resistência


Ana Rito, João Tabarra, Jorge Molder, José Maçãs de Carvalho, Juliana Julieta, Luís Alegre

Curadoria de José Maçãs de Carvalho e Carlos Antunes

Corpo em Resistênciareúne um conjunto de peças-vídeo expostas de forma autónoma no edifício CAPC Sereia, com o propósito de se constituir numa experiência. 

Falamos de uma «experiência muda», numa espécie de regresso à infância da representação, para que cada vídeo seja recebido como obra única. Pode ser também a reinstauração de um lugar e de um tempo originário, no qual o vídeo retoma a sua condição primeira, de uso comum na imagética familiar do home video, através de um processo de dessacralização contra a cultura massmediática, num trânsito entre dispositivo e contradispositivo, como Giorgio Agamben os entende, para um processo de profanização, no sentido em que é restituído à sua função original, livre para dar espaço ao campo de batalha da criação artística.

Nestes seis trabalhos, de seis artistas, o corpo é um sujeito que, sob pressão, resiste a tudo, seja às leis da física, ao peso, à pressão hidrostática, à força da natureza, aos limites do território ou ao esquecimento.

ARTISTAS

JORGE MOLDER(Lisboa, 1947)
Fez estudos em Filosofia, iniciando a sua carreira de artista na década de 1970. A partir de 1987, a sua fotografia começou a utilizar a autorrepresentação em imagens que, embora utilizem o corpo do seu autor, não devem ser confundidas com autorretratos ― porque se reportam a personagens misteriosas, repletas de referências, quer à literatura, ao universo das imagens, como ao quotidiano. São desse período as sériesConradThe Portuguese DutchmanThe Secret Agent, que recolocam o problema da autorrepresentação ligada a referências literárias e filosóficas (Joseph Conrad, Herman Melville, Georges Perec). Jorge Molder foi convidado a representar Portugal na 48.º Bienal de Veneza, em 1999. Em 2000, o seu trabalho expandiu-se à utilização do vídeo com o filme Linha do Tempo, apresentado no Projecto Mnemosyne/Encontros de Fotografia de Coimbra 2000. Recebeu o Prémio AICA/Portugal em 2007 e o Grande Prémio Fundação EDP/Arte em 2010. O trabalho de Jorge Molder encontra-se representado na maior parte das coleções institucionais portuguesas (Caixa Geral de Depósitos, Coleção Berardo, Fundação Luso-Americana, Novo Banco, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação de Serralves), bem como em significativas coleções internacionais, como as do Art Institute of Chicago, da Maison Européenne de la Photographie, do Musée de la Photographie à Charleroi, ou do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid.


JOÃO TABARRA(Lisboa, 1966)
João Tabarra vive e trabalha em Lisboa. Frequentou o curso de fotografia no Ar.Co (Centro de Arte & Comunicação Visual). A par do seu trabalho artístico, tem sido professor convidado em instituições nacionais e internacionais de renome, reunindo um já longo currículo de conferências, workshopsmasterclasses. Atualmente, desenvolve o seu trabalho cinematográfico e colabora com textos da sua autoria em reconhecidas publicações de cinema. Integra o Comité de Honra da prestigiada revista de cinema La Furia Umana. É professor na Karlsruhe University for Arts and Design (HfG), na Alemanha. De entre as mais recentes exposições e projetos, individuais e coletivos, em que participou, destacam-se:Biotope(2015, Colégio das Artes, Coimbra), Discrépant(2014, Galeria Filomena Soares, Lisboa), Narrativa Interior(2014, CAM–Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa), I could live here, com Park Chan-Kyong (2011, JIFFtheque, Jeonju, Coreia do Sul), The age of micro voyages(2011, Korea National University of Arts, Seul, Coreia do SUl, e 2010, Joshibi University of Art and Design, Tóquio, Japão), Les Limites du Désert(2010, Galeria Graça Brandão, Lisboa, e Art-and-River-Bank, Tóquio, Japão), (…) Marche Solitaire (…) Installations Vidéo, Regard sur le travail video de João Tabarra 1999-2008(2009, Galerie Le Trarnspalette, Friche Culturelle L´Antre-Peaux, Bourges, França), Esto non es una broma(2007, MACUF – Museo de Arte Contemporáneo Uníon Fenosa, A Coruña, Espanha), No Pain, No Gain(2000, Museu do Chiado, Lisboa) e Mute Control(2000, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto). Em 2002, representou Portugal na 25.ª Bienal de São Paulo, com a instalação Poço dos Murmúrios. O seu trabalho está representado em inúmeras coleções, privadas e institucionais, quer em Portugal quer no estrangeiro: Coleção Berardo, Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, Fundação de Serralves, Instituto de Arte Contemporânea, Fundação Calouste Gulbenkian, CGAC – Centro Galego de Arte Contemporânea (Espanha), NSM, VIE/AMRO (França) e Coleção Georges Verney-Carron (França), de entre outras.


ANA RITO(Lisboa, 1978)
Artista visual, curadora, investigadora e docente. É doutorada em Belas Artes pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, na especialidade de Instalação. Desenvolve, desde 2002, projetos que cruzam a prática artística e curatorial, sendo o seu domínio de especialização a performatividade da imagem movente e as dinâmicas do espectador no seio do dispositivo expositivo.Dos seus projetos curatoriais, destacam-se a exposição SHE IS A FEMME FATALE: artistas mulheres na Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Museu Coleção Berardo, One Woman Show, Organização do Ciclo de Filmes em colaboração com o Festival Temps d’Images (2009); SHE IS A FEMME FATALE#2, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Biblioteca do Campus de Caparica, Almada (2010); OBSERVADORES Revelações, Trânsitos e Distâncias, Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Museu Coleção Berardo (2011); CURATING THE DOMESTIC Images@home, Trienal de Arquitectura de Lisboa (2013); A IMAGEM INCORPORADA/THE EMBODIED VISION: Performance para a câmara, Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (2014); Arquivo e Democracia, de José Maçãs de Carvalho, MAAT (2017) e CONSTELAÇÕES: uma coreografia de gestos mínimos(2019–2022). Em 2007, apresentou a sua primeira exposição individual na Galeria MAM Mario Mauroner Contemporary Art (passando a ser representada por esta galeria), em Viena, intitulada Powerfull Acrobat. No mesmo ano, participou na exposição coletiva Faccia Lei, comissariada por Elena Agudio no Spazio Thetis, Arsenale, 52.ª Bienal de Veneza, onde voltou, após a sua primeira participação na Bienal em 2003, através de um projeto de curadoria seminal entre a Bienal de Veneza e a IUAV. Tem participado em inúmeras exposições coletivas e individuais e está representada em importantes coleções de Arte Contemporânea em Portugal e no estrangeiro.É atualmente investigadora integrada do CEIS20_Universidade de Coimbra, sendo cocoordenadora da linha de investigação Arte e Performance. Leciona nos cursos de Mestrado em Estudos Curatoriais e de Doutoramento em Arte Contemporânea no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, do qual é subdiretora.


JOSE MAÇÃS DE CARVALHO(Anadia, 1960)
Doutorou-se em Arte Contemporânea pelo Colégio das Artes da Universidade de Coimbra em 2014; estudou Literatura na década de 1980 na mesma Universidade, e Gestão de Artes na década de 1990, em Macau, onde trabalhou e viveu. É professor no Departamento de Arquitetura e no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, onde é coordenador do Mestrado em Estudos Curatoriais. Desde 2020, é curador do Centro de Arte Contemporânea de Coimbra. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação Oriente, Instituto Camões, Centro Português de Fotografia e Instituto das Artes/DGArtes. Em 2003, comissariou e projetou diversas exposições temporárias e a exposição permanente do Museu do Vinho da Bairrada, Anadia; em 2005, comissariou My Own Private Pictures, na Plataforma Revólver, no âmbito da LisboaPhoto. Foi nomeado para o Prémio BES Photo 2005 (2006, CCB, Lisboa) e para a short-listdo Prix Pictet, na Suiça, em 2008. Entre 2011 e 2017, realizou várias exposições individuais em torno do tema da sua tese de doutoramento (arquivo e memória): no CAV e no Colégio das Artes, em Coimbra; Atelier Concorde, Galeria VPF, Arquivo Municipal de Fotografia, Museu do Chiado e MAAT, em Lisboa; e na Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira. Publicou o livro Unpacking: a desire for the archivepela Stolen Books, em 2014. Em 2015, Partir por todos os dias, na Editora Amieira. Já em 2016 participou no livro Asprela, fotografia sobre o campus universitário do Porto, editado pela Scopio Editions e Esmae/IPP. Em 2017, publicou o Arquivo e Intervalo, edição Stolen Books/Colégio das Artes da Universidade de Coimbra/MAAT, com colaborações de Pedro Pousada, José Bragança de Miranda, Adelaide Ginga e Ana Rito. Está presente em diversas coleções privadas e institucionais. É representado pela Galeria Carlos Carvalho, em Lisboa.


JULIANA JULIETA (Barcelos, 1994)
Artista plástica, licenciada pela Faculdade de Belas Artes do Porto em Artes Plásticas, Pintura (2016), e mestre em Pintura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa (2016–2019), graduação que culminou na Exposição Individual MEND THE GAP, em 2019 na Galeria Cisterna, Lisboa. Publicou em 2019 a tese MEND THE GAP – O vazio que transborda em vida: pintura.O mestrado incluiu um Erasmus de seis meses na EKA, Estonian Academy of Arts (2017). Expõe a nível nacional e internacional (Brasil, Estónia, Lituânia e Inglaterra). Atualmente, vive e trabalha em Lisboa. No seu trabalho, é privilegiada a Pintura, que opera entre a persistência na figuração e uma relação não binária e potencial com a abstração. Denota-se uma especial atenção à ambiência lumínica e sensorial, onde a gestualidade é importante para revelar o impulso criativo. Expressa-se ainda pela escrita, fotografia, vídeo e instalação. Estreou-se como artista representada pela Galeria Módulo (Lisboa) com a sua exposição individual Singular Plural(2021).Destacam-se ainda outras exposições como:Um Livro É Uma Sequência De Espaços, Centro de Artes de Águeda (2021); Open Call Winners 2020,Delphian Gallery, Londres (2020); waiting room, Galeria Cisterna, Lisboa (2020);Prémio CAT 2018-2019, Tavira;(Sub)Missão, artistas convidados III Bienal de Gaia; Elogio da Matéria – Manuel António Pina, SNBA, Lisboa (2019); Deslocamentos Poéticos, UFN, Santa Maria,  Brasil (2018); ArtVilnius´18,NOARLituânia (2018);Swipe to engage, Tallinn, Estónia (2017); Oblíquos, ISEG, Lisboa (2017); (dis)closer to the end, FBAUP; ProsAesthésis, Hospital da Prelada, Porto (2017); Not like Painting, VilaWork, Barcelos, e Storyboard, Porto (2016); Prémio Carmén Miranda 2016, Marco de Canaveses; s/título, Museu de Ovar (2016); 303 Ímpar, Geraldes da Silva, Porto (2015); Estímulos Contemporâneos, Fundação José Rodrigues, Porto (2015). Conta com os seguintes prémios: Prémio 11.ª Bienal Internacional de Arte Jovem de Vila Verde (2020); Menção Honrosa, Aveiro Jovem Criador’19(2020); Menção Honrosa, X Bienal Salão das Artes, Vidigueira (2016); Prémio Revelação, .8ª Bienal Internacional de Arte Jovem Vila Verde (2014); Pintura Rápida Pintar Pavia (2014). O seu trabalho está representado em coleções como as do Museu de Ovar; SRNOM – Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos, Porto; Município de Vila Verde; Freguesia de Pavia, Évora; Museu da FBAUP, Porto, bem como em diversas coleções particulares.


LUÍS ALEGRE(Anadia, 1969)
Formado em Pintura, doutorado em Design. Vive e trabalha em Lisboa, desenvolvendo trabalho artístico e de design, bem como de editor e professor. Desde a segunda metade da década de 1990 que desenvolve projetos que cruzam múltiplas disciplinas, relacionando o design, o vídeo, a edição/publicação de livros de artista e instalações. Foi professor nos cursos de Licenciatura em Cinema, Fotografia e Cinema de Animação na Universidade Lusófona de Lisboa até fevereiro de 2014. Foi professor no Mestrado em Design Multimédia na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Coimbra (Colégio das Artes) até setembro de 2016. É diretor criativo da Ideias com Peso, ateliê de comunicação; diretor de arte do grupo editorial LeYa (área escolar); editor da Stolen Books, editora portuguesa independente; diretor do DELLI (Design Lusófona Lisboa); diretor da Licenciatura em Design de Comunicação no Departamento de Cinema e Artes dos Media. É vice-diretor e investigador do Center for Other Worlds (COW). Começou a expor individualmente em 1995 e a participar em exposições coletivas em 2004.  Das suas coleções individuais, destacam-se: Feeling EU, Galeria Carlos Carvalho, Lisboa (2006);Censura, Instalação Flash na revista web INTERACT(2007); Total Equilibrium, Galeria VPF Cream Arte, Lisboa (2007);  Play Them, com os artistas convidados José Maçãs de Carvalho, António Olaio e Rui Garrido, Plataforma Revólver, Lisboa (2010); Play Them #02, CITEMOR – 33.º Festival de Montemor-o-Velho (2011) e Teatro Pradillo – Investigación y Creación, Madrid (2012); [NO AUDIO], Galeria VPF Cream Arte, Lisboa (2013); All this happened, more or less, Quarto 22, do Colégio das Artes, Coimbra (2016); WE DON’T KNOW EACH OTHER, Plataforma Revólver, Curadoria de Sandro Resende (2018). Das exposições coletivas, destacam-se: Camcloser — INTERFERÊNCIAS em Vídeo, PT Blue Sattion, Lisboa (2012); Dive In, Plataforma Revólver, Lisboa (2013); Mostra’14, Central Station, Lisboa (2014); Onde é a China?/Where is China?[comissário da exposição], Beijing Wolrd Art Museum (Millennium Monument), Pequim, e Museu da Fundação Oriente, Lisboa (2014); Mostra’15, Lisbon Week Alvalade, Lisboa (2015); MATRIZMALHOA,  Museu de José Malhoa, Caldas da Rainha (2015);  Matadouro #5, Casa Bernardo, Caldas da Rainha (2015);  O Fazer Falso, Espaço AZ, Lisboa (2015); Arte de Furtar/Furto na Arte, Pavilhão 31 – Hospital Júlio de Matos, Lisboa (2019) [comissário da exposição com Nuno Aníbal Figueiredo].