700+25:
Arquitectura na UniverCidade


700+25 [Cartaz]

Um coro a duas vozes

Há em Coimbra uma cultura arqui­tetónica de divulgação teórica e aca­démica. No plano científico e peda­gógico, essa cultura é consignada em primeira instância pela Universidade e pelos seus centros de investigação.

No plano da prática arquitetónica e, mais concretamente, no plano da importância relativa das obras que se realizam na cidade, essa voz não é, porém, tão próspera, não é tão forte e, sobretudo, não é continuada nem sistemática. Não que não se tenham realizado obras. A escolha das vinte e cinco obras que aqui se apresentam, correspondentes aos últimos vinte e cinco anos, não foi uma tarefa fácil, algumas outras haveria necessaria­mente de incluir e isso atesta uma considerável quantidade de ações que se podem inserir nessa voz.

A iniciativa que aqui vos apre­sentamos, e que tenciona, em primeira instância, celebrar os 725 anos da Universidade, visa igualmente con­tribuir uma vez mais para a elevação daquela voz a que acima nos referi­mos como sendo mais académica, ou teórica, de elevação cultural através do conhecimento comparativo e refe­rencial. Mas contém em si, também, a secreta esperança de que essa voz, pela sua intensidade e pela sua insis­tência, contribua para elevar cada vez mais a outra, que designámos como sendo a mais operativa, de elevação cultural através da prática patente, erudita e qualificada. Esta última constitui o húmus mais eficaz da ci­dade e a Universidade, pelo menos a universidade europeia, necessita da cidade como de pão para a boca, passe a analogia antropológica. Necessita da cidade para se requalificar, para se elevar e para viver saudavelmente.

José António Bandeirinha

 

Há 25 anos, algo mudou nesta Universidade com 7 séculos

Há 25 anos, Portugal possuía dois grandes polos de ensino público de arquitetura – na Universidade do Porto e na Universidade Técnica de Lisboa – aos quais se juntaria, en­tão, uma «terceira opção» do seio da Universidade de Coimbra. O Depar­tamento de Arquitetura (DARQ) da FCTUC atravessou as décadas se­guintes batalhando pela afirmação de um prestígio próprio, hoje reconhe­cido dentro e fora do país. Para isso, contribuiu a passagem pela docência do DARQ de arquitetos, artistas e in­vestigadores em arquitetura, com experiências profissionais e pedagó­gicas distintas. De forma indelével, e à sua maneira, cada um desses pro­fessores marcou sucessivas gerações de alunos, mas também a própria cul­tura universitária de Coimbra, então carente de uma nova «adrenalina» cultural e científica.

A criação do DARQ foi ainda contemporânea do lançamento de muitos concursos urbanísticos e ar­quitetónicos, promovidos pela Uni­versidade, para os seus novos polos temáticos, nos quais se envolveram alguns dos mais destacados docen­tes-arquitetos, quer como projetis­tas, quer como jurados na escolha das obras a edificar. Muitos deles deram ainda respostas a encomendas insti­tucionais, municipais ou outras, que ajudaram a qualificar a vida urbana de Coimbra ao longo das últimas décadas.

Sim, há 25 anos, algo mudou nes­ta universidade com 7 séculos. Quem não percebeu isso, não percebeu nada.

Nuno Grande

 

Manual de instruções para uma visita à arquitetura

Neste evento celebra-se a arquitetu­ra e o seu contributo para a constru­ção de um património contemporâ­neo na cidade, interpelando aqueles que nela vivem.

A arquitetura representa-se, uma vez que a sua perceção e fruição apenas serão plenamente realizadas na sua presença física. A represen­tação da obra apenas nos dá instru­mentos para o confronto crítico com a sua presença. Assim, os Livros de Obra antecipam a obra construída, uma vez que na verdade são livros de instruções para a sua construção. As maquetas estabelecem relações de al­timetria entre os diversos projetos e entre a cidade em que se implantam. Representam as cotas de implantação num mapa planificado, assinalando a sua localização.

Os filmes registam os espaços a se­r usados, convocando o olhar de quem projetou, preparando o olhar de quem irá visitar a obra.

As visitas às obras serão o mo­mento-chave deste evento. Os itine­rários acontecem por proximidade territorial na cidade e serão sempre acompanhados por um estudante de arquitetura, que contextualiza­rá a obra assim como salientará os aspetos mais relevantes para a sua clarificação. O exercício de perce­ção e compreensão da mesma ficará a cargo de cada visitante, já na posse de todos os outros instrumentos da sua representação.

Désirée Pedro