Répétition
A exposição Répétition de Cristina Mateus lembra uma exposição antiga que se chamou Esta é a minha imagem feita no Círculo de Artes Plásticas em 1995. É uma lembrança como outras lembranças que estão também na exposição.
Répétition é um título estrangeiro. Em Francês, a palavra, está ligada à ideia de ensaio na música. ENSAIAR A EXPOSIÇÃO é como fazer outra vez, quase da mesma maneira. Só a distância do tempo poderá ter alterado alguma coisa. Em Répétition há ritmo, há imagens que vêm e há imagens que não estão lá.
“soon to have offspring, start it all over.
raínha.
não me gozes.
pode lá chegar-se de tantas maneiras, tantas, tantas.
a coimbra?
parvo.
sim.
pelo menos volta-se a pintar.
é difícil, sabes, com tudo já feito.
mas é como nas toalhas, há sempre franjas, artifícios.
o problema das cores é que foram sempre outros a quererem saber.
não percebo.
outros, forasteiros, físicos, suiços, gajos que gostavam de estudar traças.
tinhas razão naquilo da répétition.
sim.
o francês dá para muita coisa.
porque é que fazes isto.
cada um vê o que quer.
mas há-de haver uma coisa qualquer.
um hífen, ainda.
un petit abreuvoir pour ceux que la langage a désertés.
pour l’ombre des enfants
é tudo tão sério.
podias fazer qualquer coisa que servisse para qualquer coisa.
o problema é vermos num sistema de três.
e depois andarmos e juntarmos sempre tudo aos pares.
dá uma dúzia mas, para muitas coisas, são precisos mais.
podes sempre fazer um meyers-briggs mas lá vem sempre a história das cores.
mínimos múltiplos comuns não servem.
como é que se chamava aquele sem cabelo?
tinha umas rodelas que combinavam cores.
uma minha antiga namorada ficou com isso.
também tens uma fotografia dela e era tudo a fingir.
não.
ou fazer uma coisa para misturar pessoas, a ver se ligam bem.
dás-lhes categorias e mandas-lhes com o cmyk para cima.
e havia pessoas cinzentas porque havia mesmo.
eu tinha medo.
não é coisa que a cor consiga provocar.
dá para pouco.
pois é.
e dá mais para números do que para letras.
mas pelo menos agora já volta a haver tinta.
mas mais do tipo bâtiment.
mas depois há sempre palavras e mais palavras.
e a coisa da nudez, e nunca se chega a ver nem um mamilo, nada.
nada de nada.
era só para levar as pessoas ao fundo.
pelo menos já não dás uma para a caixa.
boîte-en-valise.
não.
era francês.
lá está.
desculpa mas afinal ainda vou usar umas de luz.
juntas o rgb ao cmyk.
que confusão.
ainda se fossem figuras de estilo.
uma epanadiplose seria mais na mouche.
há uns urinóis com uma para se fazer pontaria.
voltamos ao francês.
sim, e ao bâtiment.
acho que depois se naturalizou americano.
como a arte.
se fosse eu não saberia nunca o que fazer.
ou melhor, sei, mas ando a adiar.
com estática é que não te estou nada a ver.
e o chão cheio de fios, com fita-cola por cima para não se tropeçar.
podes pôr outros barulhos.
sant’ovídio.
pois, e há seres de coimbra.
e tu a fazer a roda.
não percebo.
a tua, com o muro encostado.
em que punhamos músicas diferentes.
não matem o nosso folclore.
fogo.
que estupidez.
letras diferentes.”
pedro abranches vasconcelos