Jogo do Sério
Obra de arte procura obra de arte para Jogo do Sério — open call de ocupação do Museu
Como aprendemos na infância, no jogo do sério não podemos sorrir, pestanejar ou sequer desviar o olhar. Tudo isto é motivo para a penalização fatal: a derrota. Quando dois corpos se encaram no Jogo do Sério, é por demais evidente a tensão que se cria entre ambos. Não há lugar para cedências.
Neste projeto curatorial, propôs-se à comunidade artística, e não só, a sugestão de um ou mais objetos que pudessem ser parceiros de jogo da obra exposta.
Para este primeiro momento, de 7 de janeiro a 26 de março, procurou-se um parceiro para a obra Estore (2019), de Nuno Sousa Vieira.
Depois da deliberação do júri, o primeiro Jogo do Sério conta com uma obra da artista Rita Carmo, em resposta à já anunciada obra de Nuno Sousa Vieira. A relação entre Estore e Camuflagem #1 pareceu, ao júri, a mais apropriada tendo em conta o pressuposto curatorial, não obstante a qualidade das diversas propostas enviadas.
Joguemos ao Jogo do Sério. Um corpo em frente a outro. Devem olhar-se fixamente.
Quem rir, desviar o olhar ou pestanejar perde.
Estar imóvel, mas, no entanto, não estar parado: continua a jogar-se à medida da letargia. Contribui-se para uma simetria de intenções, quebrada pela assimetria à superfície.
Daniel Madeira
Nuno Sousa Vieira é professor auxiliar na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e investigador integrado do CIEBA. A exposição que considera como marca do seu percurso artístico aconteceu em 2005 no Centro de Artes Visuais, em Coimbra. Desde então, tem exposto regularmente, destacando-se: Uma vida inteira, Banco das Artes, Leiria, Oculto, Travessa da Ermida, Lisboa, 2021; Linha Funda, Fundação Carmona e Costa, Lisboa, 2020; Me, my self and the other, Galeria 3+1, Lisboa, 2019; Duble / Duble, SE8 Gallery, Londres, 2018; Nasci num dia curto de inverno, Fundação Portuguesa das Comunicações, From Darkeness To Light, Galeria Graça Brandão, Lisboa, 2015; Ouvi dizer que o lugar mais escuro é sempre debaixo da luz, Kunsthalle São Paulo, São Paulo, Brasil, 2014; Wall Stop for This, Appleton Square, Lisboa, 2012; Somos nós que mudamos quando tomamos efetivamente conhecimento do outro, Pavilhão Branco – Museu da Cidade de Lisboa, Lisboa, 2011.
As suas mais recentes exposições aconteceram no Brasil, nomeadamente: Um entre nós, Galeria Raquel Arnaud, São Paulo, 2022; e Tenho a vista cansada, Galeria Mul.ti.plo, Rio de Janeiro, 2022.
O seu trabalho está representado em diversas coleções: PINTA – Latin America, CAV (Centro de Artes Visuais), Teixeira de Freitas, PLMJ, António Cachola, Câmara Municipal de Leiria, José Caballero (Madrid), Paulo Pimenta, Coleção José Lima, Coleção António Albertino, Fernando Ribeiro, José Carlos Santana Pinto, Regina Pinho de Almeida (São Paulo), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil), CAPC (Círculo de Artes Plásticas de Coimbra), Fundação Calouste Gulbenkian, Coleção do Estado, Itaú Cultural (Brasil), Luiz Montenegro (Brasil).
Rita Carmo vive e trabalha em Lisboa. É fundadora, curadora e artista da Galeria Mergulho, projeto independente em espaço doméstico. É licenciada em Artes Plásticas pela ESAD das Caldas da Rainha, realizou o programa Erasmus no Departamento de Artes Plásticas da Kunsthøgskolen i Bergen, na Noruega, onde posteriormente desenvolveu um projeto de investigação com uma bolsa do Conselho de Investigação da Noruega.
Em 2020, criou as residências artísticas»Se perguntarem por mim diz que estou no Tahiti!» e a «Galeria Mergulho», como forma independente de entrar no ciclo da produção e divulgação de arte.
Encontra-se neste momento a desenvolver os seus projetos Materiais de Construção eAuto Retrato Múltiplo. Ambos os projetos foram apresentados pela primeira vez na conferência Territórios identitários de Rita Carmo, integrada no Ciclo de conferências As Mulheres e a Arte, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a convite da investigadora Rita Mira.
Desde 2005, tem realizado exposições individuais das quais se destacam: Materiais de Construção: Ensaio aberto #1 e 2, na Galeria Mergulho, O Passado está Presente, no Espaço 62, em Lisboa; Prête moi ta plûme pour écrir’amour, no Ateneu do Catorze, São Luís; Um Quarto Só Dela, Galeria Municipal de Torres Vedras; e How Things Grow and Transform Themselves Into Other Separate Things, na Galleri Fisk, Bergen, Noruega.
Tem também participado em exposições coletivas, das quais se destacam: Jogo do Sério, com Nuno Sousa Vieira, no CAPC, Coimbra; AAA – Abertura de Ateliers de artistas, na Oficina Impossível, Duplo(s), na Galeria Sumo Preto, Nonstopopening, na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa; e Galeria dos 30 Dias, nas Caldas da Rainha, esta última em colaboração com Pedro Barateiro.