We Love 77


Três décadas de cultura punk para ver em 20 dias. É esta a proposta da dupla Sardine e Tobleroni neste Outubro.

Desengane-se quem vê o punk rock como um mero género musical. A exposição “We love 77”, da dupla de artistas plásticos Sardine & Tobleroni, quer provar o contrário.

“O ano do punk” – é assim que o guitarrista dos The Parkinsons e membro dos já extintos Tédio Boys, Victor Torpedo, define esse mítico 77 que integra o nome da primeira exposição de arte deste estilo. A par dos projectos musicais, aos quais se juntam ainda Tiguana Bibles e Blood Safari, Victor Torpedo encarna Sardine, o artista plástico que, em conjunto com Jay Rechsteiner (Tobleroni), faz aquilo que ambos designam de Conceptual Art Brut.

Pelas telas dos Sardine e Tobleroni passam nomes irreverentes que marcam a história da cultura punk, como The Clash, Sex Pistols, Ramones ou Patti Smith, mas também bandas do pós-punk como The Libertines, Joy Division, Gang of Four ou Sonic Youth que continuam a provar que este estilo não está morto.

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O famoso chocolate suíço e a típica sardinha inspiraram nomes artísticos daqueles que foram colegas de carteira há cinco anos, num curso de multimédia em Londres. O design gráfico era um interesse comum, mas não o único. “Nasceu um projecto de pintura a partir do fascínio pelo estilo punk e pela sua influência na cultura popular”, conta Victor Torpedo. Referências como Andy Warhol ou Marcel Duchamp marcaram o início do percurso artístico desta dupla invulgar. A pop art invade a tela, que é dividida a meio – Sardine pinta a metade direita e a esquerda cabe a Tobleroni.

E porque o punk nasceu para reivindicar, para criar uma atitude e impô-la na sociedade, “a inércia do movimento estudantil, mas também a falta de iniciativa cultural da massa de Coimbra, no geral” preocupa Torpedo.

A influência dos Tédio Boys – com grande sucesso nos Estados Unidos da América, maior do que o que tiveram em Portugal – é o que Victor Torpedo considera ser motivo para que se apelide Coimbra, frequentemente, como “cidade do rock”. Sobre ela recaiu a escolha para receber o evento, que prima, não só pela exploração do punk ao nível das artes plásticas, mas também por dar a conhecer a sua vertente histórica através de filmes exibidos na Casa das Artes da Fundação Bissaya Barreto e no States Club, como “Punk Attitude”, de Don Letts, no último sábado, 8. Há ainda lugar para bandas. The Ten O Seven, The Ricky C Quartet, Vic Godard and the Subway Sect e Paul Collins Beat fazem honrar o legado deixado por outras, daquela década de 70.

O ano de 77 revivido na tela, no ecrã e no palco – 11 de Outubro de 2011

 Rita Lucas

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CAPC sede © Eva Queiroz de Matos

O programa de “We love 77” prevê também concertos, na Discoteca States, por Vic Goddard and The Subway Sect, Ten O Seven, Ricky C Quartet, Paul Collins Beat e pelos The Parkinsons, banda punk rock oriunda de Coimbra, que atuam na inauguração.

Projecção de filmes e documentários “míticos e ilustrativos da dinâmica, impacto social e contextos que envolvem o movimento punk ao longo das últimas décadas”, de realizadores como Don Letts, Amos Poe, Derek Jarman e Julian Temple.