Ciclo II — Arte contemporânea: experiências políticas, multidisciplinares e transdisciplinares


ESFERA CAPC
PROGRAMA EDUCATIVO
FORMAÇÃO ONLINE

O Círculo de Artes Plásticas de Coimbra propõe um programa de formação online com um segundo ciclo focado em experiências políticas, multidisciplinares e transversais na arte contemporânea. Entende-se como multidisciplinar, neste contexto, uma arte que convoca e combina expressões diferentes como música, teatro, cinema, entre outros, focado no processo ou no resultado final imaterial ou material. Por sua vez, a transdisciplinaridade vem como uma forma de criação que convoca conhecimentos de outros saberes como a antropologia, a sociologia e outros, que converte a arte num trabalho de campo.

1. Arte e política: a contemporaneidade em debate nas práticas artísticas

É recente a história de uma arte que se pensa e problematiza politicamente. Essa história é um agregado de múltiplas recorrências que não se bastam na missão muitas vezes espúria e tantas vezes ficcional, apesar de corajosa, de conseguir escandalizar o burguês até à sua extinção como tipo social. Mas se o artista foi soberano e capaz de agir no seu tempo histórico — com o heroísmo que isso implica — e pensar com as imagens a incapacidade do mundo, em muitos outros exemplos foi cúmplice desse mundo incapaz, desse mundo racista, capitalista, colonial e neocolonial, que não acaba, que não há meio de ser derrotado. Que fazer então? Recusar os limites das convenções artísticas?  Reinventar os meios de expressão artística? Praticar a dança infernal da novidade autoimune, que se destrói incessantemente? Erguer uma tradição da iconoclastia? Explorar os itinerários do incompreensível, da não imagem, do indizível?

Pedro Pousada
Pedro Pousada (Lisboa, 1970) vive e trabalha em Lisboa. É artista plástico, ativo desde 1990, professor auxiliar no Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e no Colégio das Artes da mesma Universidade, onde coordena o Doutoramento em Arte Contemporânea. Concluiu, em 1993, o curso superior de Artes Plásticas/Pintura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, e em 2002 concluiu na mesma Faculdade a sua dissertação de mestrado: Jorge Pinheiro: Superação e continuidade na imagem moderna. Doutorou-se, em 2010, com a tese A Arquitectura na sua ausência. É investigador do CES e a sua atividade científica tem estado sobretudo ligada às relações entre a modernidade artística e a cultura arquitetónica no século XX. Colabora com o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, tendo sido em 2015 um dos curadores-gerais do Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, organizado por esta instituição. 

2. Foto-ação/Foto-performance:documento/registo e imagem/obra

A fotografia e a performance partilham de um amálgama no campo da arte, onde a fotografia é capaz de congelar um instante potente, diante da efemeridade da performance. Numa outra perspetiva, quando a performance acontece fora da presença do público, ocorrem diversas possibilidades entre a fotografia e a performance, onde a foto transpõe a condição de registo/documento e passa a ser imagem/obra, constituindo a photo-performance ou foto-ação. A proposta do curso parte desta possibilidade e propõe apresentar uma breve narrativa da fotografia e da performance a partir das décadas de 1960 e 1970, incluindo alguns trabalhos historicamente importantes, além de trabalhos produzidos mais recentemente, a partir da década de 2000.

Fabrício Cavalcanti
Artista visual, educador e fotógrafo, realiza fotografia e vídeo com dispositivos móveis, escultura 3D, intervenção urbana, e desenvolve trabalhos com imagens de realidade virtual e aumentada. Enquanto professor, lecionou em universidades de artes e fotografia, no Brasil e em Portugal. Como fotógrafo, já colaborou na documentação e realização dos trabalhos de diversos artistas. Atualmente, desenvolve investigação de doutoramento em Media Artes (UBI), com os temas do pós-urbano, da condição digital e da paisagem, por meio da arqueologia contemporânea e da experiência estendida (XR), em realidade virtual e aumentada.

2. O Têxtil na Arte Contemporânea – matéria e manualidades

Tendo como urdidura a Arte Têxtil, as artistas Clarissa Serafim e Lu Lessa Ventarola utilizam como fio da trama a troca de pensamentos, palavras, memórias, livros, galhos, ideias. Tudo pode ser matéria de uso para tecer perguntas aos tempos atuais e buscar respostas. Sendo a arte uma linguagem, que nos quer dizer, afinal, a arte contemporânea?

Clarissa Serafim
É doutorada em Arte Contemporânea pela Universidade de Coimbra, Portugal (2017–), com um projeto de pesquisa em Moda, Arte e Sustentabilidade. Possui licenciatura em Línguas Modernas, tirada em Itália, e mestrado em Moda pelo London College of Fashion. Continua os seus estudos e práticas em projetos «artístico-sustentáveis» tendo a reutilização do desperdício têxtil como processo criativo. 

Lu Lessa Ventarola
É mineira, artista plástica e investigadora. É doutorada em Filosofia pela Universidade de Coimbra (2021–). Formada em Direito, fez mestrado na Escola das Artes da UCP (Porto, Portugal), onde buscou entender as fronteiras entre a produção no mundo do sensível — pensamentos, ideias — e a produção no mundo da matéria. Por outras palavras: como o pensar e o fazer se influenciam mutuamente.