O livro como obra de arte disseminou-se no século XX e é hoje uma prática corrente entre muitos artistas. Situa-se no cruzamento entre as artes visuais, o texto, a fotografia, a poesia, o design gráfico ou a impressão, e admite formatos variáveis, quando não totalmente inesperados, que têm despertado o interesse continuado do público, dos museus, bibliotecas, editoras e colecionadores privados. No curso deste workshop, iremos abordar o tema em três partes, revisitando exemplos internacionais e nacionais. Vamos começar por definir o termo «livro de artista», compreendendo as suas diferenças perante outras publicações de arte. De seguida, iremos traçar uma breve genealogia desta categoria artística, desde os exemplares criados pelos Futuristas ou Dadaístas aos livros de artistas contemporâneos, passando pelo surto de publicações surgidas no contexto das neovanguardas das décadas de 1960 e 1970. Por último, daremos destaque a algumas coleções e espólios que são hoje um marco no colecionismo de livros de artista.

Sofia Nunes é crítica de arte e doutoranda em História da Arte/Teoria da Arte na NOVA FCSH (cotutela com Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne). Licenciou-se em História Moderna e Contemporânea no ISCTE, em 2000, e é mestre em Ciências da Comunicação, Cultura Contemporânea e Novas Tecnologias, pela NOVA FCSH. Entre 2000 e 2006, fez assistência de curadoria e produção no Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém, no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado e na Ellipse Foundation Contemporary Art Collection, onde foi responsável pela gestão e conservação da coleção. Crítica de arte desde 2007, desenvolve atividade com regularidade em diversas revistas da especialidade. É autora de vários ensaios em história e teoria da arte e conta com diversas comunicações
públicas em contexto nacional e internacional. Foi professora convidada no Mestrado em Arte Contemporânea e na Pós-Graduação em Peritagem de Arte na Universidade Católica Portuguesa, entre 2009 e 2011. Tem comissariado programas públicos, visitas temáticas e conferências em museus e instituições culturais, de entre as quais o Museu Coleção Berardo, o Museu CCB e a Fundação Calouste Gulbenkian. Entre 2018 e 2021, voltou a colaborar com o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, onde exerceu as funções de gestão e conservação das coleções do segundo e terceiros modernismos e arte contemporânea, acrescidas de investigação nas respetivas áreas. Em 2022, prestou assessoria nas áreas de conservação, inventariação e estudo de coleções no Museu Coleção Berardo.