V, ou finalmente a casa amarela


Programação artística no projeto educativo: Como no limite “só a arte é educativa porque a arte não explica mas implica”, o projeto educativo do CAPC faz programação artística.

 

V, ou finalmente a casa amarela | Gonçalo C. Ferreira

Esta intervenção é o início de um processo a que chamo “V, ou finalmente a casa amarela”. Começo com a construção de uma ficção sobre uma comunidade artística. Ficção que se propõe como repertório, que com o tempo se transforma numa casa (ainda que imaterial). Essa casa é algo que se vai construindo através de memórias, reconstruções e estudos daquilo que já existiu, daquilo que poderia ter existido e daquilo que poderá existir. Uma casa que atravessa diferentes tempos, lugares e pessoas, procurando eu através desse processo um “lugar” a que pertencer. Esta casa como uma celebração desses cruzamentos, como inauguração/vernissage/festa a propósito de um coletivo imaginário, como uma caixa com um bolo que alguém enviou a propósito do aniversário da arte, como um ritual, como uma rede virtual contínua de pessoas que historiografam referências. Tornar presente um arquivo de artistas e amigos, como Lourdes Castro, Dinis Machado ou Ernesto de Sousa.

 

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“V, ou finalmente a casa amarela”

 

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1.000.053º Aniversário da Arte, no Círculo Sede

 

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1.000.053º Aniversário da Arte, no Círculo Sede

 

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1.000.053º Aniversário da Arte, no Círculo Sede

 

Captura de ecrã 2016-03-8, às 16.29.58

 


Programa Trimestral | Jan. Fer. Mar

Janeiro é o mês do aniversário da arte e o CAPC vai comemorar!

O projeto educativo do CAPC começa agora a definir-se e no trimestre de Janeiro a Março lançamos, ainda à boleia da bienal, alguns dados.

Em Janeiro viajamos até à primeira celebração do aniversário da arte no CAPC, em 1974, promovida por Ernesto De Sousa, a partir de uma proposta do seu amigo Robert Filliou, com a colaboração de muitos artistas.

O projeto educativo quer estender a celebração da arte aos artistas e aos professores. Aqui roubamos aos artistas, aos pensadores… roubamos o que nos alimenta, o que nos anima, que nos dá alma, o que nos fortalece! Clarice Lispector diz que “roubar torna tudo mais valioso”. Roubamos ao Rui Chafes a ideia de que os artistas transportam a chama que vem de há muito e que nascemos a partir do momento em que as coisas que amamos existem. Roubamos ao George Steiner a ideia de que os professores são como os carteiros que entregam as cartas dos grandes criadores. O ato de escolher as cartas a entregar, a quem e quando, não é neutro, pressupõe uma dimensão ideológica e uma atitude política. A receção das cartas também não é passiva. Aqui deseja-se que as cartas entregues possam ajudar a procurar outras e que sirvam de instrumento para que cada um pense por si, descubra e escreva outras cartas.

Roubamos à Hannah Arendt quando nos diz que “(…) cada nova geração, na verdade, cada novo ser humano, na medida em que se insere entre um passado infinito e um infinito futuro, deve descobrir e pavimentar de novo, com grande esforço, esse mesmo caminho.” Queremos fazer por e, sobretudo, fazer o que fazemos com. Assim celebramos, celebramos com alegria mas sem distrações, de modo a que a alegria nos fortaleça para que possamos enfrentar tantas adversidades deste nosso mundo e agir!

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