Experiri


 
Revolver


  1. Experiri é uma palavra latina que poderemos traduzir por «demonstrar, fazer prova de, provar», formada por ex, «fora», e peritus, «testado com conhecimento», e que deu origem
    a experientia, «conhecimento obtido através de tentativas repetidas».
  2. Somos, evidentemente, permeáveis ao mundo e à necessidade da sua fragmentação. A apreensão do todo é impossível; cingimo-nos à impressão do real, que nos chega através dos sentidos.
  3. A consciência do mundo forma-se assim. Devolvê-la, materializada, é uma decisão individual.
  4. Os objetos artísticos aqui representados são reverberações inomináveis do real, ora mais próximas, ora mais afastadas dos seus referentes. Talvez assim se possa definir experiência: aquilo que eu faço com o que me sobra no fim diário do mundo.
  5. Talvez Antónia Labaredas utilize a reminiscência como matéria-prima, antes dos materiais propriamente ditos. Dado o próprio método de execução no campo da cerâmica, talvez possamos ver o fogo como um médio entre a memória e a sua representação.
  6. A própria composição matérica, feita de mundo, pode quebrar ao ser-lhe devolvida. A forma que lhe é dada para que seja visível é perecível, como toda e qualquer coisa visível.
  7. Revolver, no dicionário Priberam, primeira entrada: «Mover de baixo para cima, de um lado para outro ou em várias direcções e sentidos» — e acrescento, a partir destas obras — à procura de consubstanciar o mundo.

Daniel Madeira



Antónia Labaredas


Antónia Labaredas (Évora, 1979) é licenciada em Design Industrial pela Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha (ESAD), curso que frequentou entre 1997 e 2004. Desenvolve trabalho de artes visuais em pintura, escultura e cerâmica desde 2007, faz parte do coletivo Motor, M.I.O. – Movimento Independente do Oeste e colabora com a Origami Produções desde 2002. Vive nas Caldas da Rainha. As suas obras foram apresentadas em 2022 e 2023 em O verdadeiro lado da manta, exposição de Sara & André, que convidaram Antónia Labaredas e Filipe Feijão a pensar na ideia de partilha a partir de um interesse, atividade ou mesmo profissão comum, no Palácio Vila Flor. Em 2018, Ó aranha! Grande aranha! Trazes a cura, aranha?, com Hugo Canoilas, na Galeria Quadrado Azul. Em 2017, nas exposições Incerta Desambiguação, Zaratan, Lisboa; Guimarães Noc Noc 7, Guimarães; Factor Cavalo – Emergências e fulgurações vernaculares na prática artística contemporânea, Bienal de Cerveira, Vila Nova de Cerveira; Art+feminism Edit-a-thon, Colectivo MIO, Espaço Concas, Centro de Artes de Caldas da Rainha. Em 2014, na Guimarães Noc Noc 4, Hive, Guimarães; e Cuidado com o Cão, Electricidade Estética, Centro de Artes de Caldas da Rainha. Em 2008, Na senda da raposa – projecto colectivo para Rádio Bandolim, de Pizz Buin, XV Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira e Celebração das Caldas às Caldas MIO, performance musical, colectivo MOTOR, Inferno da Azenha, Caldas da Rainha.