Museu é uma obra concebida e projectada por Francisco Tropa em 2001 construída com apoio mecenático integral da Construtora San Jose para a 1.ª edição de Anozero – bienal de arte contemporânea de Coimbra, uma organização do Círculo de Artes plásticas de Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra e Universidade de Coimbra, no ano de 2015
A escultura /equipamento MUSEU, é por si só uma obra de arte e tem um programa de funcionamento determinado pelo artista:
MUSEU, 2001-15
Museu é uma experiência artística destinada a pôr à prova as nossas ideias preconcebidas sobre o que é um museu, como funciona, quais são os seus objectivos. Fá-lo através da redução da escala de um museu, em termos de arquitetura e de colaboradores, até conseguir que possa ser compreendido num só olhar; expondo o seu funcionamento ao público; e, por último, apelando à participação directa do público nas suas actividades.
Museu é uma pequena construção rectangular, não muito maior do que um abrigo de jardim ou um gazebo. Tem duas entradas, colocadas frente a frente, que dão para um corredor com paredes de vidro, terminando em duas salas, uma à direita e outra à esquerda. Sem quaisquer portas ou janelas, a única abertura é uma claraboia.
Com frequência variável, o edifício expõe dois objectos propostos pelos residentes da cidade onde foi construído, um em cada sala. Publicita-se um anúncio no jornal local a convidar os habitantes para sugerirem um objecto para ser exposto, e explicarem as razões para as suas escolhas num pequeno texto. Os objectos propostos podem ser de qualquer tipo: não têm de ser obras de arte contemporânea, nem sequer precisam de ser obras de arte. A única limitação prende-se com questões práticas: tem de ser possível que os objectos caibam nas duas salas através da claraboia, que mede um metro quadrado. Os objectos são selecionados e expostos, juntamente com os textos que os acompanham.
Museu tem três colaboradores com base em contratos anuais: o Director, o Curador e o Conservador. Cabe ao/à Director(a) escrever a publicidade a pedir as propostas de objectos à comunidade, receber essas mesmas propostas, avaliá-las, e escolher as que irão ser postas em prática, decidindo também com que frequência são exibidos novos objectos. Não tem acesso aos espaços de exposição.
O/A Curador(a) junta em pares as propostas escolhidas, duas a duas; edita os textos, escolhe como apresentá-los e decide qual será a disposição dos objectos e textos dentro do espaço. Tal como o(a) Director(a), não tem também acesso aos espaços expositivos.
O/A Conservador(a) é a única pessoa com acesso directo aos espaços. Tem um escadote, que pode ser usado para entrar nas salas através da claraboia. O/A Conservador(a) monta as exposições seguindo as instruções do(a) Curador(a), decide como os objectos devem ser dispostos, e determina se serão usados pedestais, vitrines, molduras, etc. É também responsável por garantir a segurança dos objectos.