No dia seguinte está o agora
«Esta exposição, pode nem ser uma exposição, considerando que os objetivos, as metodologias e as estratégias que fomos assumindo ao longo deste processo têm como objetivo principal a celebração dos 60 anos do CAPC. (…) Paralelamente, vão ocorrer dois ciclos de conversas, com o intuito de pensarmos juntos sobre o foco e as estratégias para uma coleção de arte com as caraterísticas que o CAPC pode consolidar e oferecer. O concerto no dia da inauguração reveste todo este acontecimento ou liberta-o para o tempo do agora.»
PROGRAMA
15/12/2018
Inauguração | 17h
Concerto Zé Maldito e Vicente Mateus | 18h
1.º Encontro | Conversa com Carlos Antunes, Cristina Mateus, Désirée Pedro, Nuno Sousa Vieira, Pedro Calapez e Sérgio Fazenda Rodrigues.
17/01/2019
Aniversário da Arte
«Nuvens… Existo sem que o saiba e morrerei sem que o queira. Sou o intervalo entre o que sou e o que não sou, entre o que sonho e o que a vida fez de mim, a média abstracta e carnal entre coisas que não são nada, sendo eu nada também. Nuvens…»
Fernando Pessoa in Livro do Desassossego (após 18-10-1931)
Este círculo, que nunca foi fechado, apresentou-se desde sempre como uma estrutura permeável, interrompida e recetiva à experiência e ao exercício da liberdade. Em suma, este círculo, tal como qualquer entidade viva, é desassossegado, e existe entre o que é e o que poderá ou não vir a ser. Esta exposição formaliza-se enquanto um vínculo, uma dobra no agora, e, neste sentido, esta exposição não é uma exposição: é um círculo aberto, permeável, recetivo, que se apresenta capaz de olhar para trás e fazer outra vez, mais uma vez.
Este círculo, por se configurar como um triângulo equilátero, encontra-se dividido em três simples e diretos acontecimentos: o foco, a estratégia-armadilha e o tempo. Cada um destes acontecimentos se articula ora por justaposição, ora por alternância. O foco é o acontecimento que procura refletir no sentido, na estratégia e no modus operandi de uma coleção de arte pertencente ao CAPC; a estratégia-armadilha procurará ser um dispositivo relacional onde obra e público se encontram; o tempo não é entendido como uma realidade absoluta, mas como um tempo mutante que permite a cada instante reequacionar a direção e o sentido, contribuindo para uma redefinição do lugar.